sexta-feira, 31 de março de 2017

Sobre cachorros perdidos

Essa semana que passou eu vivi uma experiência terrível. Meu cachorro fugiu de casa. Nós procuramos por todo bairro e nada de encontrar. Acho que ele fugiu com medo da chuva e nessas ocasiões ele perde a razão e anda sem rumo. Nem adiantava tentar entender o que o motivou, nem apontar causas, naquele momento tínhamos que utilizar todos os recursos para trazê-lo de volta para casa são e salvo.

Logo mandamos avisos para todos os nossos amigos por whatsapp, depois colocamos nas nossas páginas do Facebook. Nesse momento de um passa para o outro, alguns protetores de animais entraram em contato e sugeriram outras páginas para publicar, uma amiga também, mesmo de longe, me ajudou muito com isso. Fizemos panfletos e distribuimos em postos de gasolina, padarias e para pessoas do bairro. No final da tarde me ligaram para dizer que achavam que estavam com o meu Beholder.




Beholder é um vira-lata que adotamos ainda filhote em uma ONG. Ele é tão vira-lata que é quase uma raça, já que vemos tantos cachorros parecidos com ele por aí. Porte médio-grande, pelo curto marrom caramelo. Mas o meu cachorro tinha um diferencial: a plaquinha de identificação.

Naquela tarde, fui lá ver o tal cachorro e como eu suspeitava, não era ele. Enfatizava que ele tinha coleira preta e a plaquinha (em formato de osso) com o nome dele e o nosso telefone. Mas e se ele tivesse perdido a coleira? A gente seguia qualquer pista que aparecesse. Minhas filhas avisaram na escola e a tarde acompanhavam nas buscas, na certeza que ele apareceria assim como num passe de mágica.

Na manhã seguinte avisaram que tinham visto meu canino, num bairro próximo, Corremos para lá e nada de encontrar. A tarde voltei para o bairro, mas não encontrei. À noite meu marido passou por lá e viu um cachorro parecido com o Beholder, mas ainda não era ele. Esse era um cachorro que morava na rua por ali mesmo e o pessoal do comércio cuida dele. Lá se foi mais uma noite sem meu filhote de quase 9 anos.

Mais uma manhã e outra ligação. Dessa vez o cachorro estava de coleira preta, confirmou o rapaz no contato telefonico. Mas, infelizmente, mais uma vez não era o nosso cachorro.

Muitos dias de procura, alarmes falsos, pessoas bacanas interessadas em ajudar, amigos e desconhecidos oferecendo ajuda, conforto, incentivando a busca e contando histórias de sucesso e eu só pensava na plaquinha na coleira. Achava que a melhor chance que a gente tinha era o Beholder ser encontrado por uma boa alma que me ligaria, mas mesmo assim eu continuava rodando por aí, chamando pelo nome, assobiando e rezando. Também tive que lidar com a emoção da minha filha mais velha, prepará-la para a possibilidade de ele ser encontrado machucado e/ou doente. Não tive coragem de dizer que talvez ele nunca fosse encontrado, eu mesma me recusava a pensar nisso.

Eis que 3 noites depois do sumiço, toca meu celular. Um número que eu não conhecia me ligava a cobrar. Um arrepio correu pelo meu corpo e me faltou o ar na esperança de ser ele. Passei para o meu marido. Sim, era o Beholder. Estava numa fazenda! O simpático rapaz mandou a localização por whatsapp. Ficava a 18 km de casa e até hoje ficamos imaginando como é que ele chegou lá. Meu marido já saiu correndo junto com amigos que estavam em casa rumo a tal fazenda. Nesse meio tempo minha amiga sugeriu pedir uma foto. O rapaz disse que já tinha mandado e segundos depois entrou a foto. Ah, aquela foto! Meu Beholder, molhado, encolhido, no pescoço a coleira preta e a plaquinha em forma de osso pendurada nela. Era ele mesmo! O alívio só veio quando abracei meu cão, que mesmo exausto e machucado (nada sério) juntou todas as forças que ele ainda tinha para abanar o rabo e lamber meu rosto.
A foto que confirmou que meu Be tinha sido mesmo encontrado.
Mas, daí, pensei, as coisas não acontecem por acaso. Eu certamente tinha algo que aprender com tudo isso. Talvez tivesse que conhecer essas pessoas todas, ou confirmar que temos que ter fé, ou ter mais cuidado com o portão, mas eu acho que eu precisava contar essa história e sugerir para todo mundo colocar essa plaquinha nos seus animais.
Aqui dá para ver melhor a plaquinha,
É tão simples, muitos petshops fazem na hora e não é nada assim tão caro. Vi tantos animais perdidos nesses dias, mas só ter a coleira torna difícil. Não é todo mundo que pode resgatar, levar para casa e esperar o dono ver a foto do "encontrado" por aí. Ainda mais com tantos casos de abandono quando o dono nem quer ser encontrado. Por isso, fica a dica, coloque uma plaquinha na coleira do seu bichinho! Eu acredito que tem muita gente boa disposta a ajudar e tendo o contato do dono/tutor fica tudo mais fácil e rápido.


Beholder, com seu ferimento perto do rabo, mas reunindo forças para brincar com a bolinha.
Apesar de toda a aventura esse bichinho querido está se recuperando muito bem e trouxe alegria para nossa casa. Na verdade, agora quase uma semana depois, ele parece estar 100%.

A todo mundo com quem eu falei esses dias, meu eterno obrigada por tudo. 

#plaquinhanacoleira

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