Hoje foi um daqueles dias que parece que dá tudo errado desde a hora que a gente acorda. Eu já acordei cansada porque minha mais velha passou mal uma noite dessas, então não dormimos. Para eu recuperar essa uma noite perdida eu levo uma semana. Juntando a isso o calor de 34°C em pleno inverno, não está fácil. Ligo o ar condicionado, mas aí resseca a narina, que já está machucada. Hora do almoço, meu marido vem me avisar que não vai poder buscar as meninas. Meus planos todos tem que ser mudados de uma hora pra outra. Dúvida do que fazer, começar a preparar o almoço ao meio dia, quando eu voltar, ou comprar comida. Opto pela segunda, o que significa mais um entra e sai de carro, crianças discutindo cansadas, mas pelo menos podemos almoçar mais ou menos no horário.
Depois do almoço resolvo deitar, marido que estava enrolado com o trabalho vai comer depois. Tudo o que eu queria era ficar bem quietinha na minha cama, só um pouquinho que fosse. Escuto as meninas brigando e uma delas resolve fazer a tarefa na mesa de jantar. Penso, hum, acho que tem louça lá. Levanto e vou ver. A pequena me ajuda a colocar a louça na máquina, já que é ela quem vai ficar lá, mas a mais velha vem atrás só para provocar. Dou bronca, volto pra cama. Toca o telefone. Telefone fixo! Bom, nem tão fixo, minha pequena pega, já que é sem fio para me trazer. Pedido de doação. Explico que já ajudo outra instituição e deito de novo. Consegui cochilar por 20 minutos. Já ajudou.
Hora do lanche. Minha pequena me lembra que quer fazer um flor de papel para a professora auxiliar, já que é aniversário dela amanhã. A mais velha resolve fazer junto. Já começa a reclamação porque não está dando certo ou pelo menos não do jeito que ela gostaria. Nem era para ela estar fazendo! Engulo essa frase, converso com ela para que se acalme. Flores prontas. Uns minutos de sossego na frente da tv, todas nós.
Resolvo tomar um banho para relaxar e encarar o preparo do jantar. Escuto coisas batendo, crianças gritando e chorando. A porta se abre (é, eu deveria trancá-la) entra uma gritando, depois a outra. Expulso as duas. Tento me enxugar, me vestir. Boto as duas sentadas cada uma num canto, quietas. A mais velha desafia. Ah, e aí eu perco toda a razão. Gritei, deu vontade de bater, mas melhor não. Desabo a chorar, ela obedece. Mando a mais nova para o banho, a mais velha arrumar o quarto. Mando mensagem para o marido que tinha ido numa reunião para ver se demorava. Tudo o que eu leio sobre educação diz para ignorar a criança que está fazendo birra, para sair de perto quando se está nervoso. Ótimo, mas como? Posso até deixar as meninas com o marido num dia programado, par ter um tempo meu, mas eu preciso dele agora! E agora não dá. Sábado elas estarão lindas e simpáticas e vai me dar vontade de fazer um pic-nic, sei lá, não ficar sozinha. Quero sumir agora. Não dá. Eu tenho que resolver. Eu choro. Choro de raiva, de tristeza, de frustração (eu deveria ser uma mãe calma e controlada), de cansaço.
Daí pensei, a maternidade é um desafio desde o momento que se pensa nela. Tenho amigas que tentaram engravidar e não conseguiram (Ainda! Continuo na torcida!), algumas engravidaram e perderam. Outras que tiveram os bebês e eles precisaram ficar internados. O puerpério, as cólicas, as noites sem dormir, a dúvida entre ficar em casa com o bebê ou voltar ao trabalho no final da licença maternidade, o primeiro dia de aula, a alfabetização. Todas as fases trazem o seu desafio e quando olho para trás vejo que já superei vários obstáculos. E dias como esses já aconteceram mais de uma vez. Esse é só mais um. E vai passar.
Nesse momento eu lembro do texto que vira e mexe aparece na minha timeline do Facebook do "Quartinho da Dany" sobre ter mais que um filho. Esse texto é ótimo, descreve muito bem a situação toda com duas crianças. Eu leio toda vez que me aparece e toda vez eu morro de rir. É, o jeito é rir (depois de chorar rios), e seguir em frente. Vou lá preparar o bendito jantar, tentar fazer todo mundo sossegar rápido, dormir cedo e torcer para amanhã ser um dia mais tranquilo. E aí quem sabe a gente se anima para fazer coisas bacanas para todo mundo? Porque no final das contas, adoro ser mãe (na maior parte do tempo), amo aquelas duas demais e curto muito fazer coisas junto com elas.
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